Entenda os 5 níveis de condução autônoma de um carro
Algumas décadas atrás, era normal pensar que os carros do futuro poderiam voar e se locomover sem a intervenção humana. É claro que ainda não trocamos as ruas pelas nuvens, mas, mesmo precisando evoluir muito para chegar lá, a tecnologia de condução autônoma está em pleno desenvolvimento.
Antes de falar um pouco mais sobre o tema, é bom relembrar o conceito de direção autônoma. Trata-se de uma função em que veículos podem ser conduzidos sem a necessidade de ação humana. Ou seja, todos a bordo passam a ser passageiros, sem um motorista responsável por ligar, acelerar, frear e esterçar o veículo.
Isso só é possível graças a uma combinação de milhares de sensores e software que usam coordenadas de GPS e informações coletadas durante a condução. E se hoje ainda não existem veículos 100% autônomos rodando legalmente em nenhum lugar, alguns países e cidades permitem a realização de testes supervisionados em vias públicas dentro de áreas delimitadas.
Sim, há ocorrências de acidentes leves, graves e até fatais envolvendo protótipos equipados com condução autônoma nos últimos anos. Até porque, de nada adianta um veículo ser dotado de tantas tecnologias se as vias públicas não contam com sistemas igualmente capazes de ler dados e realizar uma comunicação via internet com os carros autônomos - ou seja, as chamadas “cidades inteligentes”.
Enquanto isso não se resolve, a indústria automotiva já oferece tecnologias de assistência à condução. Esses sistemas de direção parcialmente autônoma atuam em situações como mudanças de faixa de rolamento e condução em estradas, apenas para citar alguns exemplos.
Por isso, a Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE) criou uma classificação de níveis de condução de automação. A divisão é realizada em seis grupos, nos quais a dependência humana diminui conforme o nível aumenta.
Veja abaixo como funciona e o que o carro faz em cada um dos níveis de automação:
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Os cinco níveis de automação de um veículo da SAE
Nível 0: sem automação de condução
O primeiro nível de condução autônoma consiste em não haver autonomia. Ou seja, cabe ao motorista controlar a direção, acelerar, frear e realizar outras tarefas enquanto dirige para preservar a sua segurança. É como todo carro foi durante muitas décadas.
Nível 1: assistência ao motorista
Aqui, os carros já trazem alguns recursos de direção e aceleração/frenagem. São itens como o assistente de permanência em faixa de rolamento, que mantém o veículo centralizado dentro da pista, controle de cruzeiro adaptativo (ACC), capaz de manter o veículo a uma distância segura do carro à frente e podendo seguir parâmetros estabelecidos pelo próprio condutor.
Nível 2: automação de direção parcial
Se o veículo oferece, ao mesmo tempo, assistente de permanência em faixa e controle de cruzeiro adaptativo, o nível de autonomia cresce do nível 1 para o 2.
Enquadram-se nesse grupo os carros dotados de sistemas avançados de assistência à direção (ADAS), capazes de assumir a direção, aceleração e frenagem em certas condições. O motorista ainda precisa manter as mãos no volante, embora o veículo possa controlar o volante, acelerar e frear enquanto trafega por rodovias.
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Nível 3 - automação condicional de condução
No nível 3, o carro aproveita os sistemas de assistência ao motorista e inteligência artificial para tomar decisões com base, inclusive, nas mudanças de cenário ao seu redor.
Os ocupantes estão liberados para realizar outras atividades durante a viagem, mas um motorista humano precisa estar presente e alerta para assumir o comando do veículo a qualquer momento, sobretudo em caso de emergência por alguma falha do sistema.
A Audi desenvolveu uma tecnologia de condução de nível 3, mas decidiu não oferecê-la comercialmente por preocupações legais.
Alguns anos depois, a Honda foi a primeira montadora a trazer um sistema de assistência a congestionamentos Nível 3 para os consumidores. O item surgiu como opcional para o sedan Legend vendido no Japão a partir de 2021. Por lá, o carro pode ser utilizado em 90% das vias públicas do país.
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Nível 4: alta automação de condução
Este nível ainda não faz parte da nossa realidade, uma vez que nenhum carro é habilitado para rodar sem a obrigatoriedade de um motorista ao volante. Mesmo assim, ele pode virar realidade em um futuro não muito distante.
No Nível 4, o motorista pode tirar completamente os olhos da estrada e até dormir enquanto o veículo dirige por conta própria - ainda que apenas em algumas áreas. Existem, porém, algumas restrições, já que o modo de condução autônomo só pode funcionar em certas condições.
A premissa é de que o carro pode evitar um acidente caso o motorista não consiga assumir o controle em uma emergência. Essa tecnologia também serviria para o transporte público, incluindo táxis e ônibus programados para realizar deslocamentos apenas entre dois pontos e com perímetro de circulação limitado.
Um exemplo é o Hyundai Ioniq 5, eleito pela Lyft para atuar como robotáxi a partir de 2023. Em tempo: até o momento, todos os carros com Nível 4 de condução autônoma estão na fase de protótipos, sem previsão de comercialização.
Nível 5: automação de direção completa
A maior classificação da condução autônoma identifica os veículos capazes de se locomoverem sem intervenção humana a qualquer lugar e em todas as condições. Não há limitação de perímetro para circulação e a única etapa em que existe envolvimento humano está na definição do destino.
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Jornalista Automotivo