Comparativo: vale gastar o dobro de um Toyota Corolla em um Camry?

Comparamos design, espaço, desempenho, dirigibilidade, consumo e segurança dos irmãos Camry e Corolla.

03.09.2020 às 14:56

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Comparativos costumam ser aplicáveis a carros que pertencem à mesma categoria. Mas e aqueles consumidores que estão em busca de um upgrade, como ficam?

A Toyota é uma das fabricantes que buscam fidelizar o cliente não apenas ao modelo, mas à marca. Então, para quem já cansou de rodar com o Corolla, será a hora de subir de nível e pensar no Camry?

Não à toa, há casos de consumidores que começaram com o Etios, depois foram para o Yaris, ficaram um tempo com o Corolla e, depois de alguns anos, se encantaram com o Camry. Mas aqui a diferença de valor fica muito mais alta, o que pode até aumentar o desejo.

Para saber se vale a pena subir o degrau de um sedan médio para um grande, com ares premium, só comparando. O Toyota Camry é vendido em versão única, a XLE, ofertada por R$ 276.990. O escolhido para encará-lo é o Toyota Corolla na versão topo de linha, Altis Premium, de R$ 140.690. Ou seja: o Camry custa quase o dobro.

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Mas será que o Camry entrega esses quase R$ 140 mil a mais? Vamos começar entendendo algumas características básicas de cada um.

O Toyota Camry é o popular “carro de patrão”. Esse sedan grande conquistou seu espaço por oferecer espaço, segurança, conforto e desempenho em abundância. É buscado por quem quer requinte sem chamar tanta atenção.

Já o Corolla é um carro que nasceu como popular e, com o passar das gerações, chegou ao patamar de sedan premium. O carro fidelizou o perfil de consumidor que busca confiabilidade, boa dirigibilidade e um veículo com um pouco mais de espaço para a família.

Agora vamos ao embate. Avaliando design, espaço, desempenho, dirigibilidade, consumo e segurança, será que ainda vale a pena trocar o Corolla pelo irmão maior Camry?

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Design: Conservadores em busca de modernidade

Toyota Camry custa quase o dobro do Corolla, que já é um carro caro. A diferença é de R$ 136 mil.

Porte robusto e imponente. Vincos no capô para trazer um design agressivo. Ampla grade dianteira. Traseira marcante, com linhas mais sinuosas e lanternas gigantes que se estendem até as laterais, mas são proporcionais. Rodas em liga aro 18.

A estética é de um carro que se modernizou dentro do próprio conservadorismo. Atual, mas sem perder o ar característico de carro de executivo, esse é o Toyota Camry.

Grade dianteira expressiva e ampla. Há muitos vincos, trazendo um toque de personalidade forte. Detalhes cromados. Faróis com um design equilibradamente esticados.

O lado conservador ficou para a traseira. Lanternas com traços discretos se comparadas com a dianteira do carro. Rejuvenescido e com a mesma essência estética, esse é o novo Toyota Corolla.

Cada um respeita os próprios limites para continuar sendo desejado pelo público que já foi fidelizado. Conservadores, mas buscando a modernidade. Mas quem teve mais coragem de apostar no novo foi logo o irmão menor.

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Espaço: de pernas cruzadas no Camry e de braços colados no Corolla

O Toyota Camry está posicionado na categoria de sedans grandes, enquanto o seu irmão Corolla pertence ao segmento de sedans médios. É mais do que esperado que haja uma diferença de dimensões, mas o quanto isso pode interferir no conforto dos passageiros?

Toyota Camry: 4.885 mm comprimento, 2.825 mm entre eixos, 1.840 mm largura, 1.455 mm altura e 593 litros de capacidade do porta-malas.

Toyota Corolla: 4.630 mm comprimento, 2.700 mm distância entre eixos, 1.780 mm largura, 1.455 mm altura e 470 litros de porta-malas.

Obviamente, o Camry é maior em todas as medidas. São 255 mm a mais no comprimento, o que faz bastante diferença na hora de estacionar. Encontrar uma vaga tamanho Camry, seja nos estacionamentos apertados de shoppings, nas ruas estreitas de alguns bairros de São Paulo ou perto da orla de algumas cidades praianas não é uma tarefa fácil.

Mas será que vale a pena ficar caçando vaga e tendo um trabalhinho a mais na baliza por um porta-malas de 593 litros? São 123 litros a mais que Corolla. Na prática, isso significa uma mala média a mais ou a menos, dependendo do sedan escolhido.

Caso haja dúvidas, o entre eixos é um bom critério de desempate: são 125 mm de diferença. No Camry, uma pessoa de estatura mediana viaja até de pernas cruzadas, e pessoas altas não ficam com os joelhões espremidos atrás do encosto do banco dianteiro, mesmo que o motorista seja espaçoso.

No Corolla, os limites são mais próximos. Para viajar confortavelmente, o recomendado é tentar encontrar o equilíbrio, se o motorista tiver 1,90 m, é melhor que uma pessoa de estatura mediana fique atrás dele.

São 60 mm de diferença de largura. Exemplificando de forma simples, isso significa que, no Camry, mesmo com três passageiros atrás, as pessoas têm aquele espaço mínimo para não ficarem com os braços espremidos com quem está do lado.

No Corolla, é bom que o nível de intimidade seja maior, pois é normal dar uma ou outra esbarradinha na pessoa que viaja ao lado. Ok, não estamos falando de um Renault Kwid, e o espaço do Corolla para o segmento em que atua é adequado. Mas, na comparação com o Camry, ele fica parecendo um compacto.

Os números apontam que os dois sedans têm exatamente a mesma altura. O que importa é que ambos oferecem uma diferença minimamente confortável entre a cabeça e o teto, até para pessoas de estatura entre mediana e alta. No entanto, parece que no Camry há uma distância maior, mas talvez isso seja meramente psicológico, por levar vantagem em todas as outras medidas.

Desempenho: V6 x 2.0

O Camry é munido por um motor V6 3.5 que entrega 310 cv de potência e 37,7 kgfm de torque. O sedan grande precisa de 7,1 segundos para levar o velocímetro de 0 a 100 km/h. A relação peso/potência é de 5,3 kg/cv e a relação peso/torque, de 43,6 kg/kgfm.

Já o Corolla conta com motor 2.0 de 177 cv e 21,4 kgfm de torque. O sedan médio vai 0 a 100 km/h em 9,7 segundos. A relação peso potência é de 7,9 kg/cv e a de peso/torque é de 65 kg/kgfm.

Comparar um motor V6 com um propulsor 2.0 é algo injusto. Por isso, aqui o objetivo é apenas entender o que cada um entrega e como isso impacta na dirigibilidade, para poder apontar as diferenças de cada um.

Dirigibilidade: Corolla dá conta do recado, desde que não entre em um racha com o Camry

Atrás do volante do Toyota Camry, a sensação é de segurança mesmo a velocidades mais altas. A carroceria é bem acertada, conferindo estabilidade, quesito em que um sedan já leva vantagem naturalmente. Até mesmo em curvas sinuosas o Camry passa confiança, pois não inclina muito.

O acelerador responde de forma ágil a qualquer comando. As retomadas são rápidas. O Camry com seus 310 cv, ganha velocidade rapidamente e sem demonstrar muito esforço. Mesmo sendo um carro pesado, não sofre nem por um segundo de falta de fôlego.

Mas, algumas vezes, o lado de sedan conservador fica bem evidente: as aletas atrás do volante para trocar marchas fazem falta quando o ponteiro do velocímetro vai subindo, e não espere colar no banco numa arrancada mais agressiva, apesar do torque generoso.

O isolamento térmico é item que se destaca no modelo, deixando a direção ainda mais gostosa, a ponto de ser até relaxante em alguns momentos. De forma bem resumida, a dirigibilidade é empolgante, mas não emocionante.

Já o Toyota Corolla, mesmo tendo uma proposta mais racional e modesta, consegue atender às expectativas de quem busca uma condução prazerosa. A 12ª geração do modelo foi lançada no segundo semestre de 2019 e trouxe novidades que melhoraram consideravelmente sua dirigibilidade.

Como por exemplo, o chassi 60% mais rígido, que aumentou a estabilidade do carro. As suspensões independentes (dianteira e traseira), que deram ao veículo uma resposta linear de direção em velocidades médias e altas. E o ganho de 15% na potência também deixou Toyota Corolla mais interessante.

O sedan médio da marca japonesa ainda tem aletas atrás do volante como opção para fazer as trocas das dez marchas simuladas manualmente, o que traz um pouco de esportividade à direção.

Desde que não aposte um racha com o Camry, o Corolla dá conta do recado na estrada: entrega uma direção segura, com bom ganho de velocidade e retomadas espertas. E, na cidade, enfrenta melhor os buracos, afinal é fabricado no Brasil.

Resumo da corrida: são dois carros com propostas diferentes, mas nenhum deles faz o tipo de ficar se arrastando na estrada ou em um aclive, ou até oferecer uma direção pacata. O Camry chega em primeiro, mas o Corolla, com um bom motorista, cruza a linha com pouco tempo de diferença. E custando metade do preço...

Consumo: Corolla faz apenas um quilometro a mais que Camry abastecido com gasolina

Embora estejamos falando de um sedan grande com motor V6 e um sedan médio com motor 2.0, a diferença na autonomia não é tão discrepante quanto a maioria imagina. No quesito consumo, a maior desvantagem para o Camry é não ter um motor flex.

Abastecido com gasolina, o Camry faz 8,3 km/litro na cidade e 11,5 km/l na estrada, segundo o Inmetro. Já o Corolla, abastecido com o mesmo combustível faz 10,6 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada. Com etanol, naturalmente a autonomia é menor, passando para 7,2 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada.

Na prática, o que vai dizer o quanto isso impacta no bolso é a distância. Só para ficar mais claro, com dez litros de gasolina, o Camry roda aproximadamente 115 quilômetros na estrada, enquanto o Corolla faz 126 km.

Valores e itens de série de cada versão do Toyota Corolla 2020

Tecnologia: Corolla tem sistemas que Camry vendido no Brasil nunca viu

O Toyota Camry tem lista de itens de segurança e tecnologia enxuta, até decepcionante, para um sedan que cobra quase R$ 280 mil.

O modelo não tem alguns sistemas semiautônomos que a concorrência já oferece, como controle de cruzeiro adaptativo e frenagem automática. Isso sem falar nos gráficos do quadro de instrumentos digital e da central multimídia, arcaicos, e no funcionamento lento e pouco intuitivo desses dois dispositivos.

Entre os itens que mais se destacam estão:

· Sensores de estacionamento dianteiro e traseiros

· Controle de velocidade cruzeiro

· Sete airbags (dois de cortina, um de joelho para motorista, dois frontais e dois laterais para motorista e passageiro)

· Acendimento automático de faróis, lanternas em LED e luzes diurnas (DRL) nos faróis dianteiros

Já o Toyota Corolla é um dos sedans médios com mais itens de segurança no Brasil, de acordo com informações da fabricante. Além disso, possui comandos multimídia mais rápidos e amigáveis, embora ainda não tão práticos.

Sua lista de itens tecnológicos contempla:

· Assistente de frenagem pré-colisão com alerta sonoro e visual

· Frenagem automática de emergência

· Sete airbags (dois de cortina, um de joelho para motorista, dois frontais e dois laterais para motorista e passageiro)

· Assistente de subida em rampa

· Alerta de mudança de faixa

· Controle de cruzeiro adaptativo (ACC)

· Acendimento automático de faróis, lanternas em LED e luzes diurnas (DRL) nos faróis dianteiros

· Farol alto automático

Vale ressaltar que os irmãos Toyota contam com controle de tração e estabilidade, além de freios ABS e Isofix, estes últimos itens já obrigatórios por lei.

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Comprar um Camry ou continuar com o Corolla?

O Camry indiscutivelmente oferece espaço, desempenho e dirigibilidade empolgante. O Corolla também, mas em uma menor dosagem. Em compensação, é mais esportivo ao volante, mais atual tecnologicamente e mais jovem esteticamente.

Para quem viaja mais no banco de trás, o Camry é muito mais interessante. Mas tem um preço muito menos acessível. Para quem guia com frequência e é mais antenado a tecnologias, o Corolla é mais funcional e moderno custando bem menos.

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Enquanto uma atualização do Camry, com novos itens de série, não chega (se é que virá), o Corolla que saiu do forno ano passado vai dando conta do recado de maneira mais racional. E por um preço muito mais próximo da realidade dos nossos bolsos.

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Camila Torres

A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.