Chevrolet Monza Clodovil, o hatch estiloso que agradou até Telê Santana
O GM Monza foi lançado em 1982 e foi o melhor representante dos modelos de projeto Opel em nosso país. Com um design contemporâneo, moderno e bastante harmônico, a versão hatch agradou em cheio os brasileiros no início dos anos 80.
Com seu conceito dois volumes, 3 portas e linhas ditas esportivas, o modelo tinha ótimo espaço interno, principalmente se compararmos com os modelos vendidos à época. O modelo trazia motor 1.6 de 75 cv SAE (63 cv ABNT) a 5.600 rpm e 12,4 kgfm de torque a 3000 rpm, capaz de levar o pesado médio de 1.035kg a 150km/h e fazer de 0 a 100km/h em 16,2 segundos. Seu consumo de gasolina era de 8,4 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada. Seu câmbio era de 4 marchas.
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A versão SL/E, a mais completa da linha, trazia bancos reclináveis com encosto alto, cintos retráteis de 3 pontos, vidros verdes, temporizador e lavador elétrico do para-brisas, limpador do vidro traseiro, aquecedor, desembaçador do vidro traseiro, espelhos retrovisores externos com controle interno manual, rodas de liga-leve de 5,5 polegadas de tala, pneus radiais 185/70R13 e rádio toca-fitas estéreo, ao custo de Cr$ 1.400.000,00, ou R$ 93.976,90 hoje, corrigidos pelo IPCA/IBGE.
Havia também a versão L, bastante espartana, com interior preto, sem cromados em seu exterior, com vidros comuns, rodas de aço e volante de 2 raios, mas era moderno e vendeu bem.
No mesmo ano, a concessionária Itororó de São Paulo/SP lançava o Chevrolet Monza Clodovil. Baseada na versão SL/E e assinada pelo famoso estilista Clodovil Hernandes, o modelo tinha forte inspiração nos lançamentos norte-americanos como o Lincoln Continental, que nos modelos Mark IV e Mark V teve edições limitadas das grifes Cartier, Givenchy, Bill Blass e Emilio Pucci.
A intensão da concessionária era atrair o público feminino, que logo se identificou com o modelo, dirigido por artistas como a atriz Maria Claudia, interpretando a Luiza na novela Pão Pão Beijo Beijo e vários outros famosos na realidade, como Telê Santana. Clodovil já era um estilista consagrado, e à ocasião apresentava um quadro de moda no programa “TV Mulher” da Rede Globo.
Com a autorização da GM, a concessionária comprou algumas unidades e lançou a versão com alguns diferenciais. Havia um aplique especial no painel traseiro, com uma moldura preta para a placa e extensões de acrílico vermelho para as lanternas (não eram funcionais). Esta solução viria a ser adotada em 1988 pela própria Chevrolet no Monza Classic. O modelo trazia a assinatura do estilista impressa na parte interna no vigia traseiro, bancos de couro preto com as iniciais “CH” nos encostos e um chaveiro ouro 24 quilates, que acompanhava o carro.
Como itens de série, o modelo tinha todos os opcionais da linha SL/E. Como único opcional, o Monza Clodovil oferecia um belo jogo de malas de couro marrom feitas sob medida para o porta-malas do Monza hatch, desenhado pelo estilista.
Disponível apenas nas cores Ouro, Marrom Café, Azul Noturno, Vermelho Sangue, Azul Esverdeado e Branco, todas metálicas ou perolizadas, o modelo tinha tudo para ser um grande sucesso, mas na verdade, foi um fracasso em vendas. Estimam-se que apenas 12 unidades foram comercializadas.
O poder aquisitivo do brasileiro estava em frangalhos com uma economia de juros e inflação galopante e as mulheres ainda não tinham a mesma independência financeira dos dias de hoje, e somando isso ao preço do carro que era baseado na versão mais cara do Monza, pode justificar o baixo desempenho de vendas.
Anos depois, outras marcas investiram em versões fashion de seus carros e tiveram relativo sucesso, como Fiat Oggi Pierre Baimain de 1984, Renault Clio O Boticário de 2002, Citroën C3 Ocimar Versolato de 2005 e alguns outros no Brasil e no mundo.
Icônico como nenhum outro modelo de classe média nacional, o Monza revolucionou não só o mercado automotivo, mas também por ser o primeiro modelo associado à moda nacional.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.