Avaliação: VW Polo Highline 2023 calibrou motor muito bem. Já o câmbio...
A Volkswagen surpreendeu o mercado ao reposicionar o Polo na linha 2023. Não apenas o hatch ganhou uma reestilização dianteira e o trem de força do extinto Up!, mais fraco e econômico, e com direito a câmbio manual, como também teve a lista de equipamentos revista, perdendo itens de série para ficar mais simples e barato.
O objetivo é ter mais competitividade no segmento liderado por Chevrolet Onix e Hyundai HB20. A Mobiauto já contou em detalhes todas as mudanças na gama, e até avaliou a versão de entrada do modelo, MPi, equipada com motor 1.0 aspirado de 84 cv.
Faltava experimentar apenas a configuração Highline com motor 1.0 TSi recalibrado e câmbio automático de seis marchas da Aisin. Foi o que fizemos após passar uma semana com esta opção. Veja em detalhes como ela anda:
Volkswagen Polo Highline 2023 – Preço: R$ 109.990. Pintura Vermelho Sunset: R$ 1.650. Total: R$ 111.640
Motor recalibrado à prova
Uma das grandes dúvidas quanto ao novo Polo era se o hatch seguiria dando conta do recado com um motor que perdeu 7 cv de potência com gasolina e 12 cv com etanol, e que abdicou de 3,6 kgfm de torque com qualquer combustível. E olha que a versão Highline ficou só 1 kg mais leve.
Nos números, o 0 a 100 km/h subiu em quase 1 segundo, de 9,6 para 10,5 s. Porém, quando observamos que a do Chevrolet Onix turbo ocorre em 10,1 s e a do Hyundai HB20 TGDi, em 10,7 s, vemos que o Polo 2023 segue com uma aceleração na média do segmento.
Na prática, temos um desempenho sem a pujança de outrora, verdade, mas agradável. O bom torque a baixas rotações se faz presente em menor medida, mas ainda está lá, o que facilita muito as arrancadas e retomadas na cidade.
O consumo ficou um pouco aquém dos dados do Inmetro, mas pegamos trânsito bem intenso em boa parte do período de uso do Polo 2023 Highline em nossa avaliação. Já a dinâmica de condução é a mesma que já conhecíamos do hatch, com todas as vantagens da plataforma MQB A0: carroceria rígida, porém com suspensão ainda mais bem acertada.
Apenas o pedal dos freios me pareceu um tanto borrachudo, demandando certa veemência a cada pisada para que o carro parasse. Parece pouco provável que seja efeito da troca dos discos traseiros por tambores, visto que boa parte da carga da frenagem recai sobre os discos ventilados dianteiros.
Motor: 1.0, dianteiro, transversal, três cilindros 12V, turbo, flex, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas no cabeçote com variação na admissão e escape, acionado por correia dentada
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 116/109 cv (E/G) a 5.500 rpm
Torque: 16,8/16,8 kgfm (E/G) a 1.750 rpm
Peso/potência: 9,9 kg/cv
Peso/torque: 68,2 kg/kgfm
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 10,5 segundos
Velocidade máxima: 192 km/h
Consumo Inmetro
Cidade: 8,4 km/l com etanol e 12,1 km/l com gasolina
Estrada: 10,5 km/l com etanol e 14,9 km/l com gasolina.
Consumo Mobiauto: 9,85 km/l com gasolina na cidade
Leia também: Este é o último VW Gol de 8,5 milhões que a marca fez no Brasil
A questão do câmbio
Se o possível dissabor com o motor menos potente se converteu em agradável surpresa no Polo Highline 2023, a grande decepção veio com o câmbio. E não estamos falando nem dos tranquinhos que a caixa fornecida pela Aisin já proporcionava no antigo Polo 200 TSI.
Na unidade que testamos, a caixa apresentou um comportamento estranho. Além dos trancos acima do normal nas reduções, que chegavam a virar pequenos solavancos na descida de segunda para primeira marcha, o carro demonstrava vontade brusca de sair da imobilidade antes mesmo que você terminasse de tirar o pé do freio para buscar o acelerador.
Seria um reflexo da troca da caixa AQ200, que suporta maior torque, pela AQ160, mais simples? Lembrando que este é o primeiro casamento da especificação AQ160 da Aisin com o motor 1.0 TSi da Volkswagen.
O extinto Polo 1.6 MSI automático usava a mesma caixa, mas possuía um pouco menos de torque, 16,5 kgfm com etanom e 15,8 kgfm com gasolina, e com um pico que surgia apenas a 4.000 rpm, ante os 1.750 rpm do motor 1.0 TSi usado atualmente.
Estaria o câmbio subdimensionado para as demandas do novo motor? Ou seria uma característica apresentada de forma isolada na unidade que avaliamos? Esta resposta só a VW e o tempo poderão dizer...
Leia também: VW Polo Track será um Golzão e chega no começo de 2023 por R$ 80.000
VW Polo Highline TSi 2023 – 10 outros pontos de destaque
1) Novo velho visual e pintura Vermelho Sunset
A reestilização do Polo 2023 foi sutil: nova grade, faróis, para-choques, rodas, lanternas traseiras com lente escurecida e novos arranjos internos, e inscrição Polo na tampa do porta-malas. É menos, inclusive, do que a marca fez no Polo europeu, que adotou lanternas bipartidas.
O resultado, apesar disso, é de bom gosto, inclusive com um conjunto óptico dianteiro menos retilíneo, quebrando o padrão sisudo tão típico dos VW atuais. A pintura Vermelho Sunset, herdada do Nivus, caiu bem como cor de lançamento do modelo.
2) Novo ajuste de suspensão
A VW aproveitou a atualização de meia vida do Polo G6 nacional para mexer na calibragem dos amortecedores. Isso, mais as rodas aro 16 com pneus de perfil relativamente generoso, deixou o hatch mais confortável em uso urbano.
3) Ar digital Climatronic Touch
O Polo já havia na linha 2022 adotado uma nova interface de ar-condicionado digital, chamada Climatronic Touch. Nela, em vez de apertar botões ou girar seletores, basta deslizar o dedo à direita ou à esquerda a fim de mexer na temperatura ou na intensidade de difusão do ar.
Com o carro parado, a solução se mostra muito prática. Em movimento, fica mais difícil se acostumar e não errar o local correto de posicionar o dedo, além de dosar corretamente o quanto deslizar para não jogar tudo para o mínimo ou o máximo.
4) Central multimídia VW Play
A controversa central multimídia VW Play está presente no Polo 2023. Por um lado, muito fácil de mexer e intuitiva, e agora com o incremento de permitir a projeção sem fio via Android Auto e Apple CarPlay, com direito a carregador de celular por indução.
Em nosso teste, desta vez deu tudo certo, mas seguem comuns os relatos de travamento e superaquecimento do sistema. É bom ficar esperto e evitar, por exemplo, deixar o carro muitas horas estacionado sob a incidência do sol.
5) Bancos dianteiros inteiriços
Um dos maiores trunfos do VW Polo eram seus bancos dianteiros, com ótimas abas laterais e excelente ergonomia. Aliás, os bancos são um dos itens mais caros dentro do projeto de um automóvel.
Talvez tenha sido por isso mesmo que a VW tenha trocado os bancos dianteiros do Polo 2023 por outros mais simples, e com encosto de cabeça integrado. Um regresso, certamente, embora os bancos novos tenham bom nível de conforto.
6) USB só do tipo C
Assim como no Taos, o Polo 2023 não oferece mais tomadas USB do tipo A, só a de tipo C, que vêm se popularizando em smartphones mais modernos. Má notícia para quem tem cabos mais antigos agora, mas certamente será um trunfo do carro daqui a alguns anos, na hora da revenda.
7) Faróis full-LED
Além de elegantes, os novos faróis do VW Polo 2023 são funcionais e bem resolvidos, com iluminação integral de LED, incluindo luzes diurnas integradas, acendimento automático e ajuste manual de altura do facho.
8) Cadê os sistemas semiautônomos?
Por outro lado, o Polo 2023 continua sem oferecer nenhum tipo de assistente ativo de segurança, algo que os rivais Onix e HB20 já oferecem. Ok, a ideia era deixá-lo mais acessível, mas por que não disponibilizar as funções pelo menos na versão de topo, que já é a mais cara mesmo?
9) Porta-malas sem botão de abertura
Uma característica que já irritava no Polo antigo é o porta-malas sem um botão para abertura elétrica na própria tampa. Quer abri-la? Só pelo console central do carro ou pela chave. O volume do bagageiro, pelo menos, continua bom para a realidade do segmento: 300 litros.
10) Start-stop
No combo do câmbio, o start-top do novo Polo Highline também nos incomodou. O processo de desligar e religar o carro é um bocado barulhento, com tranquinhos e, após religar, se o pé não estiver muito firme nos freios, o veículo já vai querer sair andando como se a relação da primeira marcha estivesse curta demais.
Leia também: Avaliação: por que VW Taos não faz o sucesso de Compass e Corolla Cross?
VW Polo Highline TSI 2023 – Itens de série
- Faróis full-LED com iluminação diurna integrada em LED
- Quatro airbags (frontais e laterais)
- Frenagem automática pós-colisão
- Controle de perda de pressão dos pneus
- Ar-condicionado manual
- Bloqueio eletrônico do diferencia
- Assistente de partida em rampas
- Controle eletrônico de tração e estabilidade
- Assistente de partida em rampas
- Controle de pressão dos pneus
- Retrovisores e maçanetas na cor do veículo
- Vidros elétricos com função “um-toque” nos dianteiros
- Volante multifuncional revestido em couro com regulagem de altura e profundidade
- Rodas de liga leve de 16”
- Quadro de instrumentos digital de 10,25”
- Retrovisores com ajuste elétrico e função tilt-down
- Sensores de estacionamento traseiros e dianteiros
- Chave com sensor presencial
- Partida do motor por botão
- Sistema Start/Stop
- Controle de cruzeiro (Piloto automático)
- Ar-condicionado digital
- Câmera de ré
- Bancos revestidos em couro
- Bancos dianteiros com ajuste de altura
- Carregamento de celular por indução
- Tomadas USB tipo C
- Sensores de estacionamento dianteiro
- Sensor de chuva
- Sensor crepuscular
- Central Multimídia VW Play de 10 polegadas com seis alto-falantes
Dimensões: comprimento, 4.057 mm; entre-eixos, 2.565 mm; largura, 1.751 mm; altura, 1.468 mm; peso em ordem de marcha, 1.146 kg; porta-malas, 300 litros; tanque de combustível, 52 litros.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões tipo McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira); diâmetro de giro, 10,6 m; vão livre do solo, 149 mm; ângulo de ataque, não divulgado; ângulo central, não divulgado; ângulo de saída, não divulgado; coeficiente aerodinâmico, 0,344 Cx; carga útil, 424 kg.
VW Polo Highline 2023 vale a pena?
Pelo desempenho aliado ao bom consumo de combustível, sim. Até porque, para quem procura a confiabilidade mecânica típica dos VW, vai encontrá-la no VW Polo 2023. Quanto ao câmbio, conte nos comentários se há mais relatos de comportamento similar ou se rolou só com a gente!
Você também pode se interessar por:
VW Polo 2023: os itens que o hatch perdeu para ficar mais barato
VW Gol Last Edition terá pintura de Nivus e traseira do GT Concept
VW Nivus alcança nota máxima no Latin NCAP e Honda WR-V decepciona
VW T-Cross 2023 chega mais caro e sem multimídia na versão Comfortline
Jornalista Automotivo