Renault Captur sai de linha após morte lenta anunciada há mais de 1 ano
O inevitável, mas esperado, aconteceu: o Renault Captur saiu de linha no Brasil. O SUV deixou o configurador da marca na mesma semana em que ela apresentou ao mundo o Kardian, seu mais novo SUV de entrada. Mesmo com seu lançamento efetivo esperado para março de 2024, o Captur não faz mais parte da lista de produtos da Renault no Brasil.
Sua morte havia sido anunciada em primeiríssima mão pela Mobiauto em agosto do ano passado, mas vinha sendo postergada pela fabricante francesa a fim de que seu portfólio não ficasse tão reduzido antes da chegada do elétrico Megane E-Tech e do próprio Kardian. Afinal, o Sandero já havia deixado o cardápio no começo deste ano.
Você também pode se interessar por:
- Exclusivo: Renault Captur deve sair de linha no Brasil
- Renault Kardian 2024: veja quais devem ser as quatro versões do novo SUV
- Renault Kardian: os segredos do motor 1.0 TCe turbo que faz até 18 km/l
- Renault fará “ofensiva Brasil” com SUVs, picapes, híbridos e elétricos
Entretanto, o número de emplacamentos do Captur ao longo dos últimos 12 meses já indicava que quase não havia mais unidades sendo produzidas ou comercializadas. A queda foi drástica em relação a anos anteriores. Confira os números, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores):
Renault Captur – Emplacamentos entre 2016 e 2023
Ano | Unidades emplacadas |
2017 | 13.742 |
2018 | 26.504 |
2018 | 28.660 |
2020 | 10.870 |
2021 | 8.304 |
2022 | 3.077 |
2023 | 304 |
Como se pode ver, entre janeiro e setembro de 2023, o SUV atingiu meros 304 exemplares vendidos. A média foi de ínfimos 34 carros por mês.
Por que o Renault Captur saiu de linha
Quem leu o artigo que publicamos um ano e dois meses atrás já sabe que o motivo do fim de linha do Captur foi a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que levou a Renault a fechar sua fábrica em território russo. Boa parte dos componentes do Captur brasileiro vinha importada de lá, sendo usada pelo irmão Kaptur.
A montadora chegou a trazer um último lote de peças da Rússia para prorrogar o fim de linha, mas, pelo visto, não em grande quantidade. É claro que a montadora do losango poderia nacionalizar esses itens, mas isso demandaria um investimento que o volume de vendas anterior do Captur já não justificava.
Desde que foi lançado, o Renault Captur não empolgou. Dividindo não só a plataforma B0, como a base estrutural e toda a mecânica do Duster, o SUV se fiava em um visual mais refinado, mas era só. Trazia um acabamento tão simples quanto o do irmão e mesmo nível de equipamentos.
Em 2018 e 2019, o Captur até chegou a vender mais que o Duster, muito porque o SUV irmão estava envelhecido e demandava uma atualização. Ela veio em 2020, com a segunda geração nacional do Duster. Os consumidores preferiram seguir com a robustez dele em detrimento ao suposto refino do Captur.
Lançado em 2016, o Renault Captur oferecia na época uma gama com motor 1.6 SCe flex de 120 cv, com câmbio manual de cinco marchas ou automático CVT (que chegou tempos depois), e 2.0 de 148 cv aliado a uma caixa automática de quatro velocidades.
Reestilizado em 2021, o Renault Captur foi o responsável por estrear no Brasil o motor 1.3 TCe turbo flex de 170 cv e 27,5 kgfm de torque. Posteriormente, ele foi aplicado à gama de Duster e Oroch. Agora, é mais um produto da plataforma B0 a dar adeus ao mercado brasileiro.
Jornalista Automotivo