Carros que comprávamos com R$ 100.000 antes da pandemia e agora

Antes, era possível escolher sedans médios e SUVs mais completos nessa faixa de preço. Agora, pelo mesmo valor restam hatches, sedans compactos e SUVs de entrada
Camila Torres
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03.09.2021 às 11:00
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Antes, era possível escolher sedans médios e SUVs mais completos nessa faixa de preço. Agora, pelo mesmo valor restam hatches, sedans compactos e SUVs de entrada

Imerso em um cenário pandêmico há aproximadamente um ano e meio, o mercado automotivo, assim como todos os outros, vem refletindo mês após mês as sequelas da Covid-19. Mas quem mais sente é quem paga a conta. Sem alternativas, só resta ao consumidor arcar com preços assustadoramente mais caros ao comprar carro em 2021.

É do conhecimento de todo brasileiro que tudo encareceu nos últimos tempos, inclusive os veículos. Mas o quanto isso impacta no poder de compra de cada consumidor? A resposta para essa pergunta não é objetiva, mas pode ser autoexplicativa se compararmos os preços dos carros antes da pandemia com os valores atuais. 

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Escolhemos um recorte para tratar este tema: levantamos apenas os modelos 0 km que eram comercializados entre R$ 95.000 e R$ 105.000 em março de 2020, e comparamos com carros que estão nessa mesma faixa de preço em agosto de 2020. O intervalo é de 17 meses, o suficiente para um mercado ir da estabilidade ao caos.

Nesse período, fábricas foram paralisadas e até deixaram de produzir peças para produzir máscaras. O dólar disparou. Faltaram insumos no mundo todo. O poder aquisitivo da população foi corroído pela inflação. 

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Faltaram também carros novos nas concessionárias. As filas de espera se tornaram gigantes. Modelos seminovos passaram a custar mais que novos, numa jogada estratégica dos lojistas para atender e lucrar com os clientes que não queriam esperar. 

Automóveis usados valorizaram como nunca e todos ao mesmo tempo. Enquanto isso, a renda média do brasileiro despenca. Mas o mercado não pode parar. E não parou. Apenas tem cobrado caro para quem deseja manter a roda girando. Abaixo mostramos quanto.

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Hatches de R$ 100.000

Antes, era possível escolher sedans médios e SUVs mais completos nessa faixa de preço. Agora, pelo mesmo valor restam hatches, sedans compactos e SUVs de entrada

Antes da pandemia, poucos hatches de marcas populares chegavam à casa dos R$ 100.000. Eles ficavam geralmente na faixa dos R$ 80.000, no máximo R$ 90.000, até mesmo nas versões topo de linha. 

Levantando todos os hatches ofertados entre R$ 95.000 e R$ 105.000 em março de 2020, encontramos apenas dois modelos: Volkswagen Polo, na versão esportiva GTS, e o Chevrolet Cruze Sport6, este já um hatch de porte médio. 

Cerca de um ano e meio depois, a lista de hatches nesta faixa de valor triplicou. Modelos como Toyota Yaris e o novo Peugeot 208 já custam mais de seis dígitos. 

Isso só confirma que nem mesmo a categoria de carros mais barata do país, que é líder de vendas justamente por conta do preço, também tem recebido reajustes de gente grande.

A dupla Chevrolet Onix e Hyundai HB20 não entrou na lista por pouco, já que as configurações mais caras dos modelos já custam R$ 93.190 e R$ 92.690, respectivamente. Ou seja: logo, logo eles também se juntarão ao grupo.

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Antes da pandemia:

Volkswagen Polo GTS - R$ 99.470
Chevrolet Cruze Sport6 1.4 Turbo LT - R$ 101.990

Depois da pandemia:

Renault Sandero R.S 2.0 MT: R$ 95.790
Toyota Yaris XS Connect 1.5 AT - R$ 97.990
Honda Fit EX 1.5 Aspirado AT - R$ 98.400
Toyota Yaris X-Way Connect 1.5 AT - R$ 102.390
Peugeot 208 Allure 1.6 AT - R$ 98.990
Peugeot 208 Griffe 1.6 AT - R$ 101.990
Volkswagen Polo Highline 200 TSI AT - R$ 100.990 


Sedans de R$ 100.000

Antes, era possível escolher sedans médios e SUVs mais completos nessa faixa de preço. Agora, pelo mesmo valor restam hatches, sedans compactos e SUVs de entrada

A categoria de sedans é uma das que mostra mais claramente os impactos dos altos reajustes no bolso do consumidor brasileiro. Antes da pandemia, com R$ 100.000 era possível escolher um desses sedans médios para levar para casa: Toyota Corolla, Honda Civic, Volkswagen Jetta e Kia Cerato.

Tem até um Civic Touring na lista, por R$ 105.500. Hoje, essa mesma versão custa mais de R$ 157.000. O sonho do sedan médio terá que ficar no passado para muitos consumidores.

Os sedans médios sofreram reajustes generosos nos últimos meses, e não é mais possível encontrar um desses sete modelos listados abaixo por menos de R$ 115.000. Para quem não pode fugir dos R$ 100.000, só restaram os sedans compactos, como Chevrolet Onix Plus, Honda City e Fiat Cronos

Antes da pandemia:

Honda Civic LX 2.0 - R$ 99.200
Volkswagen Jetta 250 TSI AT - R$ 99.990
Toyota Corolla GLi 2.0 AT - R$ 101.990
Chevrolet Cruze 1.4 Turbo LT - R$ 101.990
Citroën C4 Lounge 1.6 Shine THP - R$ 103.990
Kia Cerato 2.0 SX - R$ 104.990
Honda Civic Sport 1.5 TurboAT - R$ 105.500

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Depois da pandemia:

Nissan Versa Advance 1.6 AT - R$ 97.190
Chevrolet Onix Plus Premier 2 1.0 Turbo AT - R$ 97.750
Volkswagen Virtus Comfortline 200 TSI AT - R$ 98.390
Fiat Cronos Precision 1.8 AT - R$ 98.631
Honda City EX 1.5 Aspirado AT - R$ 99.700
Toyota Yaris Sedan XS Connect 1.5 AT - R$ 100.690

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SUVs de R$ 100.000

Antes, era possível escolher sedans médios e SUVs mais completos nessa faixa de preço. Agora, pelo mesmo valor restam hatches, sedans compactos e SUVs de entrada

Parece uma realidade distantes, mas em março de 2020 era possível comprar, por exemplo, um Honda HR-V por R$ 95.000, ou uma das versões mais caras de Jeep Renegade, Peugeot 2008 e Ford EcoSport por até R$ 105.000.  

Mas depois que o mundo descambou por causa da pandemia, o que ajuda a contentar o consumidor é ainda encontrar pelo menos versões de entrada desses SUVs nessa faixa de preço.

Seguindo o mesmo orçamento, quem podia comprar um Renegade Longitude em 2020 agora só consegue pagar um Renegade STD. No lugar do Caoa Chery Tiggo 5X, agora o jeito é levar o irmão menor Tiggo 3X. E ao invés de um Peugeot 2008 turbinado, um Renault Stepway. Ou versões de entrada de VW T-Cross e Chevrolet Tracker

Antes da pandemia

Hyundai Creta Pulse 1.6 AT - R$ 94.990
Honda HR-V 1.8 Flex LX - R$ 95.700
Ford EcoSport 1.5 Titanium AT - R$ 95.990
Honda HR-V 1.8 EX AT - R$ 103.000
Volkswagen T-Cross 200 TSI AT - R$ 99.990
Caoa Chery Tiggo 5X TXS - R$ 99.990
Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP AT - R$ 103.490
Nissan Kicks SL 1.6 AT - R$ 103.990
Citroën Cactus Shine P. 1.6 AT - R$ 103.990
Jeep Renegade Longitude - R$ 105.490

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Depois da pandemia 

Jeep Renegade STD 1.8 AT - R$ 96.084
Novo Nissan Kicks Sense 1.6 MT - R$ 96.040
Volkswagen T-Cross Sense 200 TSI AT - R$ 96.290
Renault Stepway Iconic 1.6 AT - R$ 99.620
Chevrolet Tracker 1.0 Turbo MT - R$ 99.750
Hyundai Creta Action 1.6 AT - R$ 99.790
Caoa Chery Tiggo 3X - R$ 101.990
Honda WR-V EX 1.5 Aspirado AT - R$ 102.900


Picape de R$ 100.000

Antes, era possível escolher sedans médios e SUVs mais completos nessa faixa de preço. Agora, pelo mesmo valor restam hatches, sedans compactos e SUVs de entrada

Nós respeitamos muito a história da Fiat Strada, mas em 2020, uma Fiat Toro Endurance 1.8 MT custava menos que uma Strada Volcano 1.3 MT hoje. Claro que consideramos que a Strada foi completamente renovada no ano passado, mas ela continua sendo uma picape compacta.

Infelizmente, quem quiser uma picape nova de até R$ 100 mil para casa em 2021 só tem três opções: a que acabamos de citar, a Volkswagen Saveiro Cross (que passa de R$ 100 mil usando a base do Gol de 2008) e a Renault Duster Oroch

Quer uma picape maior? O jeito é pagar R$ 25.000 a mais para levar a nova Fiat Toro na versão de entrada para casa. E é melhor não demorar, pois até dezembro ainda deveremos ter muitos reajustes pela frente. 

Antes da pandemia

Fiat Toro 1.8 Endurance MT - R$ 96.990
Fiat Toro 1.8 Endurance AT6 - R$ 102.990

Leia também: Avaliação: Fiat Toro 2022, o que melhorou e o que deveria ter melhorado

Depois da pandemia:

Fiat Strada Volcano Cabine Dupla 1.3 MT - R$ 101.311
Renault Duster Oroch 1.6 MT - R$ 102.500
Volkswagen Saveiro Cross 1.6 MT - R$ 104.450


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