Avaliação: VW Amarok V6 ainda vale a pena ou melhor esperar a nova?
O mercado de picapes médias no Brasil tem o domínio absoluto de duas velhas conhecidas: Toyota Hilux e Chevrolet S10. Ambas sempre tiveram uma proposta mais clássica, enquanto na outra ponta a Volkswagen Amarok apela para um perfil mais urbano e desempenho mais do que conhecido do seu motor V6 3.0 turbodiesel.
Preços: Amarok V6 2023 Amarok Comfortline V6 TDI: R$ 296.860; Amarok Highline V6 TDI: R$ 302.370; Amarok Exreme V6 TDI: R$ 335.500
Mas nem por isso a picape média da marca alemã deixa de lado seu lado off-road. Tivemos um novo contato com a Amarok V6 durante um evento de experiência na Argentina, rodamos com ela em ambientes mais pesados de off-road, com direito a descida que deixou o pneu traseiro sem tocar o chão. Dirigimos também em estradas de asfalto, onde a picape se sai ainda melhor.
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A questão é que este novo contato com a Volkswagen Amarok nos fez lembrar de algumas de suas características, como utilizar o sistema de tração 4x4 permanente 4 Motion na prática em diversas situações fora de estrada – algo que é até criticado na picape da VW no segmento, já que as rivais oferecem 4x4 com reduzida, algo indisponível para a picape da marca alemã, que tem somente bloqueio de diferencial para ajudar nas trilhas mais pesadas.
Vale dizer que durante o evento realizado no país hermano, tivemos a oportunidade de dirigir quase todas as versões da VW Amarok. Por isso não vamos falar especificamente de uma versão, mas sim da Amarok como um todo e como ela está depois de anos de estrada.
Visual sóbrio, mas sem novidades há 7 anos
Quando fez sua estreia no mercado brasileiro lá em 2010, portanto há nada menos do que 13 anos, a Volkswagen Amarok chamou a atenção pelo estilo de suas linhas mais retilíneas e forma mais quadrada. Era um desenho que seguia a identidade visual que a fabricante tinha na época e que acabou bem adaptado para ela por garantir o estilo robusto que toda picape deve ter.
Embora a Amarok tenha pouco mais de uma década na estrada, ela recebeu sua última mudança visual no final de 2016. O facelift chegava na linha 2017 e concentrou-se praticamente na dianteira, que recebeu para-choque redesenhado com faróis de neblina retangulares e tomadas de ar com preenchimento tipo colmeia.
Geralmente desenhos mais sóbrios, como é o caso da Amarok, costumam durar mais tempo e envelhecer bem, sem contar que a vida útil de uma picape média normalmente é mais extensa do que um carro de passeio. No entanto, não tem como deixar de dizer que o visual da picape da VW está datado, pois são nada menos do que sete anos sem qualquer novidade estética.
Visualmente até que a cabine da Amarok envelheceu bem com o passar dos anos, isso mesmo levando em conta que o último tapa no design interno ocorreu na apresentação da linha 2017. À época o layout da cabine recebeu formas mais retangulares no painel, que ganhou ainda uma faixa decorativa.
Porém todo o painel tem acabamento em plástico duro, ou seja, sem qualquer superfície macia ao toque. É algo que é padrão no segmento, mas bem que a VW poderia ter aplicado diferentes texturas para suavizar o ambiente monocromático. A nova geração da Ford Ranger que vem aí promete uma subida de patamar nesse aspecto.
Espaço
interno
Desde que foi lançada no mercado brasileiro, o interior da Amarok nunca foi grande referência em espaço interno, isso mesmo sendo uma das picapes mais largas do segmento. Isso não ajudou no espaço para a cabine, que continua apertada sobretudo para quem vai acomodado no banco traseiro. Basta uma pessoa de mais de 1,80 metro - como este que vos escreve – acessar o habitáculo para reduzir ainda mais o espaço traseiro.
Isso não deve mudar na nova geração, que receberá uma grande reestilização no ano que vem e que será concentrado na dianteira, como já falamos neste outro artigo. A não ser que a picape ganhe uma readequação do espaço interno, com bancos um pouco mais estreitos para melhorar o espaço para as pernas dos passageiros de trás.
Motor V6 TDI continua referência
Embora nas vendas a picape da VW não tenha um bom desempenho por aqui, na Argentina ela é uma das mais emplacadas ao lado da Toyota Hilux. O motor 2.0 turbo aposentado passou pelo escândalo do dieselgate e teve problemas de confiabilidade anos atrás, mas quando falamos o nome “Amarok” hoje é o motor V6 3.0 turbodiesel que vêm à cabeça das pessoas.
Desde 2016 a Amarok é a picape média feita sobre chassi mais potente do Brasil. Atualmente, ela tem 258 cv e 59,1 kgfm de torque, tempos atrás havia estreado com 225 cv e 56,1 kgfm. O câmbio ainda é automático de oito marchas, enquanto a tração é 4x4 integral permanente, que utiliza a primeira marcha como reduzida.
Não é uma caixa reduzida como as rivais, mas existe ao menos bloqueio de diferencial mecânico para sair dos atoleiros ou escalar as subidas mais íngremes, bem como o modo off-road, que automaticamente ativa uma programação diferente para o câmbio, os freios ABS, controles de estabilidade e tração e controle de descida.
É sabido como a Amarok V6 desempenha bem seu papel no asfalto, contando com força de sobra para ultrapassagens em rodovias e estradas de mão dupla. Não é preciso pisar até o final do acelerador para a caminhonete passar facilmente pela faixa da esquerda, ainda mais a 130 km/h, velocidade máxima permitida em algumas rodovias na Argentina.
Bacana ainda que o motor V6 3.0 TDI tem o modo “Overboost” que, em velocidades entre 50 km/h e 120 km/h, aumenta a potência para o total de 272 cv durante 10 segundos, mais do que o suficiente para uma ultrapassagem segura. A estabilidade continua um dos seus pontos fortes, sendo até hoje a picape de chassi que mais remete a um sedan.
Volkswagen Amarok V6 2023 - Ficha técnica
Motor: |
3.0, dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em V, 24 válvulas, turbo, diesel, injeção direta common rail, taxa de compressão 17:1 |
Potência: |
258 cv a 3.250 rpm |
Torque | 59,1 kgfm a 1.400 rpm |
Peso/potência: |
8,27 kg/cv |
Peso/torque: |
36,1 kg/kgm |
Câmbio: | automático, 8 marchas |
Tração: | integral permanente |
0 a 100 km/h: |
7,4 segundos |
Velocidade máxima: |
190 km/h (limitados
eletronicamente) |
Consumo (Inmetro) | 9,0 km/l (D) na cidade e 9,7 km/l (D) na estrada. |
Dimensões | |
Comprimento: | 5.254 mm |
Largura: | 1.944 mm |
Altura: | 1.834 mm |
Entre-eixos: | 3.097 mm |
Volume caçamba: | 1.280 litros |
Capacidade de carga: | 1.156 kg |
Peso em ordem de marcha: | 2.134 kg |
Tanque de combustível: | 80 litros |
Dados técnicos | |
Suspensões: | independente com braços sobrepostos (dianteira) e eixo rígido (traseira) |
Freios: | discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira) |
Diâmetro de giro: | 12,9 |
Vão livre do solo: | 240 mm |
Ângulo de ataque: | 30 graus |
Ângulo de saída: | 22 grus |
Pneus: | 255/50 R20 (Extreme) |
O interessante mesmo do evento Amarok Experto foi jogar a picape no off-road, que contou com os mais diversos testes fora de estrada para colocar à prova sua tração 4x4 integral permanente.
Passamos por subidas tão inclinadas que era possível ver apenas o céu, enquanto nas descidas a traseira ficou como um pêndulo ao deixar uma das rodas sem tocar o solo. Isso acabou mostrando o quanto os controles de tração e de descida funcionam, bem como a eficiência força progressiva da tração 4x4 com bloqueio de diferencial ligado nas subidas.
Também passados por trechos de terreno alagado para testar a capacidade de imersão da picape, bem como uma via bastante irregular com direito a buracos que lembram caixas de ovos e diversas raízes enormes das árvores da região de Baradero, no interior da Argentina.
Podemos dizer que a caixa reduzida acabou não fazendo falta nesse off-road que foi um dos mais severos que tivemos a oportunidade de avaliar uma picape, mas provavelmente a ausência deste recurso acabará forçando mais o câmbio e seu conversor de torque para lidar com um fora de estrada mais intenso. Por outro lado, a eletrônica acaba fazendo tudo por você no modo Off-Road, o que acaba ajudando os motoristas mais inexperientes nessas situações.
Pacote de equipamentos enxuto
Depõe contra a picape a lista de equipamentos enxuta, principalmente pela ausência de itens de assistência ao motorista (piloto automático adaptativo) ou mesmo alguns equipamentos de segurança, à exemplo de um alerta de colisão frontal ou frenagem automática de emergência. A falta de uma central multimídia com tela maior também é um pênalti, afinal, ainda estamos falando de um veículo que custa mais de R$ 300 mil.
Com isso na sua versão mais completa (Extreme) traz apenas quatro airbags (frontais e laterais), controles de estabilidade e de tração, controle de descida, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, indicador de perda de pressão dos pneus e frenagem automática pós-colisão.
Itens de série (Amarok Extreme)
- Retrovisores externos com acionamento elétrico, aquecimento e rebatimento elétrico
- Tampa traseira com sistema de alívio de peso e chave
- Direção hidráulica
- Engate removível para reboque
- Pneus 255/50 R20
- Rodas de liga leve de 20"
- 3 apoios de cabeça e 3 cintos de segurança retráteis no banco traseiro
- Freios ABS off-road com ASR, EDS, EBD, BAS e RBS
- Airbag para motorista e passageiro
- Airbags laterais nos bancos dianteiros (cabeça e tórax)
- Alarme sonoro e luz de advertência para cintos de segurança do motorista e do passageiro não afivelados
- Controle eletrônico de estabilidade-ESC, controle automático de descida-HDC e assistente para partida em subida-HSA
- Desembaçador do vidro traseiro e brake-light com iluminação da caçamba
- 2 alto-falantes e 2 tweeters dianteiros e 2 alto-falantes traseiros
- 4 tomadas de 12V (2 dianteiras e 1 traseira na cabine e 1 na caçamba)
- Ar condicionado digital Climatronic de duas zonas
- Computador de bordo com display "Premium Color"
- Conexões USB e Aux-In
- Controle eletrônico de velocidade (piloto automático)
- Câmera de ré e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros
- Regulagem elétrica da altura dos faróis
- Sensor de chuva e retrovisor interno eletrocrômico
- Sistema de navegação
- Sistema infotainment "Discover Media" com "App-Connect", CD-player/MP3, Bluetooth, SD-card, e navegação
- Vidros com acionamento elétrico
- Volante multifuncional em couro com comandos para troca de marchas "shift paddles"
- Faróis bixênon com luz de condução diurna em LED
- Faróis de neblina com luz estática de conversão
- Ganchos para amarração de carga na caçamba (seis)
- Indicador de perda de pressão dos pneus
- Lanterna de neblina traseira
- Lanternas traseiras com lente escurecida
- Faróis com acendimento autom. dos faróis) com a função "coming and leaving home"
- Sistema ISOFIX para fixação de duas cadeiras para criança no banco traseiro
- Sistema de alarme com comando remoto "keyless" e imobilizador eletrônico
- Sistema de frenagem automática pós- colisão
- Alavanca de câmbio e freio revestidos parcialmente em couro
- Banco traseiro com encosto basculante e assento bipartido basculante
- Bancos dianteiros com ajustes elétricos (motorista e passageiro)
- Descansa-braço central com porta-objetos
- Friso horizontal do painel de instrumentos em "bright silver"
- Revestimento do assoalho da cabine em carpete
- Revestimento dos bancos parcialmente em couro "Nappa"
Vale a pena a Amarok V6?
Com 13 anos de idade, a Amarok V6 ainda mantém suas qualidades como a rodagem de carro de passeio – com as devidas proporções para uma picape de chassi -, bem como o motor V6 3.0 turbodiesel que lhe dá um desempenho acima da média e a tração 4x4 integral de fácil usabilidade.
A boa notícia é que a Amarok vai ganhar novidades no ano que vem. Porém, a má notícia é que o Brasil não receberá a segunda geração da Amarok, que não será produzida na fábrica da VW em General Pacheco, na Argentina. A irmã de projeto Ford Ranger seguirá o caminho inverso e virá totalmente atualizada em uma nova geração.
Caso sirva de consolo, a Volkswagen terá novidades para a Amarok vendida na América do Sul, que receberá uma reestilização mais profunda inspirada em sua segunda geração. Será feita na fábrica da Argentina, que recebeu investimentos de mais de R$ 1 bilhão. A picape vai aparecer em 2024 e será vendida por mais 10 anos.
Nesse caso, vale a pena comprar a Amarok V6 agora ou esperar a nova? A mudança será apenas estética e, por isso, não haverá perdas em relação a dinâmica de condução e desempenho do motor. Nesse caso, vale esperar a novata. Porém, se não aguentar a ansiedade, pode levar para casa a atual também, só não esqueça que o visual mudará logo.
Repórter
Entusiasta de carros desde criança, achou no jornalismo uma forma de combinar paixão e profissão. É jornalista formado pela faculdade FIAM-FAAM e atua no setor automotivo desde 2014, com passagens por Auto+, Quatro Rodas e Motor1 Brasil.