4 dicas de como comprar um carro usado ou seminovo sem cair em golpes
Os carros zero-km estão cada vez mais caros e a saída, muitas vezes, é buscar alternativas entre usados e seminovos. No Brasil, tivemos até agora 2,7 milhões de movimentações, considerando o período entre janeiro e abril, de veículos e comerciais leves usados. Mas esse mercado é diferente do de carros novos e é importante ter alguns cuidados para não sair prejudicado na negociação.
A nossa reportagem conversou com Felipe Bueno, consultor automotivo e também de seguros, que explicou como se prevenir e não cair em uma enrascada na hora de trocar de carro. “Tudo começa na análise das fotos e na descrição do anúncio e, claro, é preciso fazer uma espécie de entrevista com o vendedor para saber o histórico do carro, sua procedência e se ele tem histórico de manutenção”, contou Bueno.
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Em alguns casos, você pode encontrar ofertas com imagens ruins, escuras e é importante pedir fotos mais nítidas para uma primeira avaliação. Com tudo isso em ordem é hora de ver o carro pessoalmente.
E claro: por motivos de segurança é sempre bom marcar encontros em locais movimentados, como shoppings, mercados e posto de combustíveis.
1) Longe dos batidos ou repintados
Para isso, a verificação tem que ser mais crítica. “Eu sempre analiso a pintura do carro peça a peça para procurar vestígios de repintura, seja uma tonalidade distinta do restante da carroceria ou uma tinta escorrida, por exemplo”, indica o consultor.
“Depois, analiso o alinhamento das peças, procuro vestígios de avarias, confirmo se as soldas estão boas, e se há algum tipo de reparo nas longarinas, caixas de roda, torres dos amortecedores, painel corta fogo e caixas de rodas”, finalizou.
Uma análise mais simples pode ser feita nos componentes do carro. “Analiso se a marca e a data de fabricação de faróis, lanternas, vidros, cintos, radiadores e outras peças, batem com a data de fabricação do modelo”, esclarece o especialista.
Para quem já tem mais familiaridade com a construção de carros, outra dica é conferir os pontos de solda robóticos, que são característicos. Soltando as borrachas das portas, olhando painel traseiro e caixa de estepe, você pode encontrar alguns que vão indicar se aquele carro é original ou já foi recuperado.
“Passando por esse checklist e com número de chassis, placas e etiquetas da carroceria corretos, as chances de o modelo nunca ter participado de um acidente é grande”, explica Bueno.
2) Fugindo da quilometragem adulterada
A adulteração de quilometragem tem se tornado recorrente nesse mercado. A ideia de alguns criminosos é justamente abaixar a quantidade quilômetros rodados do veículo para ele parecer mais íntegro, menos usado e, consequentemente, ganhar mais valor na revenda.
Felipe explica que tem alguns outros pontos no carro que podem ser analisados para sacar se os números de rodagem são reais ou não. “Eu sempre olho o estado de conservação do volante, pedais, carpete, manopla de câmbio, bancos, pneus [tanto data quanto desgaste] para analisar se a km é condizente com o painel”, conta.
3) Sem dores de cabeças com motor e outras partes mecânicas
O motor é um item crítico do veículo. Primeiro porque é construído com inúmeras peças e é necessário garantir que todas elas estejam em boas condições para que o funcionamento seja perfeito, segundo, porque o uso severo pode torná-lo uma dor de cabeça com problemas de todos os lados.
“É bom agachar à frente do veículo e olhar por baixo dele para ver se há vazamentos. O motor sequinho é o primeiro indício de que tudo pode estar bem. Depois, é bom se atentar ao ruído para analisar se temos barulhos anormais como de ferro com ferro, por exemplo”, aponta Bueno. “E, claro, verificar o aspecto do óleo, do líquido de arrefecimento e a fumaça, também são importantes.”
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Mas essa é apenas a primeira etapa dessa maratona. Segundo Felipe, o test-drive é peça-chave na verificação das condições de qualquer modelo. Nele, é necessário atenção para possíveis barulhos de suspensão, homocinética, caixa de direção, se a alavanca do câmbio está engatando marchas normalmente e se a embreagem está boa.
4) Conferindo a parte elétrica
A parte mais simples e não mesmo importante é a elétrica do veículo. Nesse caso, Mobiauto indica analisar principalmente se há instalações de componentes não originais, como faróis auxiliares ou de neblina, multimídia e qualquer outra coisa do tipo. Afinal, esses itens ligados à fiação podem prejudicar todo o chicote elétrico do veículo, se não for colocado de maneira correta.
Já o consultor aponta que é importante desligar e ligar o carro para ver se todas as luzes do painel se acendem e apagam. Além disso, é preciso colocar ar-condicionado e qualquer outro equipamento eletrônico em funcionamento.
“Para fechar, eu sempre analiso se não possui nenhuma restrição ou bloqueio, se a documentação está toda correta, e ainda faço pesquisa em sites especializados para saber se existe passagem por leilão e para pegar todo o histórico daquela unidade”, concluiu o consultor automotivo.
Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.