Vendas de elétricos sofrem forte queda sem incentivos do Estado

Enquanto Brasil discute a volta do imposto de importação, Alemanha corta subsídios e vê vendas caírem
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30.10.2023 às 15:00
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Enquanto Brasil discute a volta do imposto de importação, Alemanha corta subsídios e vê vendas caírem

Não se trata de criticar ou aplaudir, mas ter uma visão racional sobre o assunto. Novas tecnologias precisam mesmo ser incentivadas na forma de redução de impostos. Afinal, veículos elétricos, apesar de suas indiscutíveis vantagens no controle da poluição local, têm preço elevado e outras limitações como alcance em estradas, tempo de recarga, além de exigência de uma rede capilar de pontos de carregamento da bateria.

Porém, isenção ou diminuição de impostos dever ser algo racional. Hoje nove Estados e o Distrito Federal oferecem algum tipo de incentivo com prazos diferentes de validade. São Paulo tem a maior frota de veículos convencionais e, claro, também de elétricos. Mas houve desentendimento quando o governador Tarcísio de Freitas vetou a lei aprovada pela Assembleia Legislativa (AL) que isentava todos os elétricos do IPVA.

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Em seguida, o governador enviou um projeto de lei à AL com uma proposta de zerar o IPVA já em 2024 apenas para híbridos com motor flex etanol/gasolina. Em Minas Gerais a isenção só vale para veículos elétricos produzidos no Estado.

Por sua vez, o Governo Federal deve anunciar um aumento gradativo do imposto de importação (I.I.) de elétricos ao longo de quatro anos, começando por 9% em 2024 até atingir 35% de I.I. em 2027.

Já comentei que “virar a chave” de combustão para eletricidade é um processo muito caro e lento, que não pode se conduzir apenas por voluntarismo. Precisa haver cautela. A Alemanha acabou de dar este exemplo. Desde 1º de setembro último, zerou o subsídio para as importantes vendas corporativas de automóveis elétricos e a demanda caiu drasticamente.

Como resultado, as vendas da Tesla recuaram 69% frente a agosto e a VW, líder de mercado, também sofreu bastante. Em janeiro de 2024, o governo alemão rebaixará os carros elétricos elegíveis a incentivos do preço sugerido de 65.000 euros (R$ 348.000) para 45.000 euros (R$ 240.000). E o desconto subsidiado encolherá de 4.500 euros (R$ 24.000) para 3.000 euros (R$ 16.000). Espera-se nova queda nas vendas.

Renault Kardian chega em março de 2024 com proposta avançada

Uma apresentação mundial antecipada no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro (RJ), com pormenores descritos sem cerimônia, mostra que a Renault tem ambições para o Kardian nos mercados brasileiro e sul-americano. A arquitetura foi desenvolvida a partir do zero sem nenhuma ligação com a subsidiária romena Dacia e os atuais Sandero, Logan e Duster. O visual lembra o de um SUV, mas tem identidade mais próxima de um hatch com altura de rodagem elevada.

Linhas são de um autêntico Renault. Frente imponente com o novo logotipo da marca, grupo óptico dianteiro em três níveis (de cima para baixo: DRL, faróis alto/baixo e de neblina no para-choque), rodas de liga leve de 17 pol. e lanternas traseiras em forma de “C”.

O interior é amplo para referências do segmento graças aos 2.604 mm de entre-eixos e 4.119 mm de comprimento proporcionando bom espaço para pernas no banco traseiro. Quadro de instrumentos digital de 7 pol., multimídia de 8 pol., freio de imobilização eletroassistido com autoimobilização do veículo nas paradas e porta-malas de 358 litros (VDA) tornam o Kardian um produto bastante competitivo na faixa de preço do Nivus e do Pulse. Estima-se algo a partir de R$ 115.000 quando chegar às concessionárias em março próximo

Para acompanhar a nova arquitetura, a Renault desenvolveu um novo trem de força de 1 litro, três cilindros, turbo flex, de 125 cv e 22,4 kgf.m de torque com etanol. Não se adiantaram pormenores, mas esta é a maior densidade de torque entre os motores produzidos no Brasil por qualquer marca.

Outra escolha bem-vinda é o câmbio automatizado de duas embreagens a banho de óleo, de seis marchas (descartado o câmbio manual). Trata-se de uma caixa mais prazerosa de usar e, segundo o fabricante, permitirá uma economia de combustível até 20% superior a um CVT.

O Kardian será produzido no Brasil no Complexo Ayrton Senna em São José dos Pinhais, região da Grande Curitiba, a partir de dezembro próximo e lançamento em março de 2024.

No mesmo evento a Renault apresentou uma picape conceitual, com o codinome Niagara, desenvolvida sobre a mesma arquitetura. Entre suas características destacam-se tração 4x4 híbrida (na frente um motor a combustão híbrido e atrás um motor elétrico), dois conjuntos mola-amortecedor por roda nos eixos dianteiro e traseiro, além de uma parte frontal e rodas com desenhos dos mais arrojados. A versão final, sem data prevista, terá estilo menos rebuscado.

Salão do automóvel de Genebra volta a... Genebra!

A tradição vem desde 1905, mas a exposição sofreu seguidos cancelamentos durante o período de epidemia da covid-19. Houve também desinteresse dos fabricantes e a empresa suíça organizadora do evento transferiu a edição deste ano, no começo de outubro, para o Catar, no Oriente Médio.

Agora o Salão Internacional do Automóvel de Genebra acaba de ver confirmada sua volta às origens, de 26 de fevereiro a 3 de março de 2024. O executivo-chefe da exposição, Sandro Mesquita, garantiu: “Não será um show de mobilidade, e sim focará no carro como atração central”. Exibirá de tudo desde veículos tunados com motor a combustão aos elétricos, além dos lançamentos de modelos, acessórios e peças.

Haverá áreas temáticas, além dos estandes tradicionais: “Pavilhão da Inovação”, “Distrito do Design”, “Zona de Adrenalina” e “Zona de Emissões Zero”.

Renault foi uma das primeiras a confirmar presença. E ressaltou em nota: “O Grupo participará dos Salões de Genebra e de Paris de 2024, bem como de todos principais salões do automóvel nas regiões onde o Grupo está presente. São verdadeiros espaços de compartilhamento de inovações e discussões em torno da paixão pelos carros.”

Por outro lado, marcas alemãs anunciaram desinteresse pela exposição de Genebra. Só a Porsche ainda não se manifestou. Stellantis também optou pela ausência. Cerca de 20 fabricantes chineses, no entanto, negociam com a organização.

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