Muito antes da Stellantis: motor Fire e o possível laço da Fiat com Peugeot
Na indústria brasileira temos diversos motores com uma longa história, desde motores que permaneceram com poucas alterações ao longo do tempo ou foram sendo atualizados para atender as leis de emissões e seguir em linha. Exemplos não faltam e atualmente temos dois motores com bons anos nas costas: 1.8 Família I da GM e o 1.0 Fire da Fiat – que vamos falar adiante.
O motor Fire fez sua estreia no Brasil em 2000, ocasião em que equipou o Fiat Palio da primeira fase (1996-2001). Embora hoje o motor 1.0 Fire exista apenas para equipar o Fiat Mobi, quando surgiu por aqui o propulsor veio como um 1.3 16V quatro cilindros com 80 cv de potência. Porém, o mais interessante é que o motor Fire foi o primeiro da marca italiana a ser produzido numa linha de montagem dotada de robôs – sem contar que parece que à época a PSA Peugeot Citroën ajudou a montadora nisso.
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Segundo o site português Razão Automóvel, não há muitas informações sobre tal parceria por conta da escassez de documentos, mas a parceria entre o Grupo Fiat e a PSA Peugeot Citroën é de longa data. Só lembrar do acordo para produção de veículos comerciais idênticos como a Fiat Ducato, Peugeot Boxer e Citroën Jumper, sem contar outros modelos como os monovolumes Fiat Ulysse e Citroën Evasion – esses exclusivos da Europa.
O que se sabe é que houve uma parceria entre o Grupo Fiat e Peugeot Citroën, que foi firmada no final da década de 1970. Além desses veículos comerciais que acabaram sendo produzidos até hoje, ambas as marcas desenvolveram muitas soluções em conjunto, o que inclui também a tecnologia do motor Fire – que estranhamente não foi aproveitada pela Peugeot à época.
Enquanto na Europa esse motor surgiu em 1985 para substituir o antigo motor Fiat 100, que datava de 1955, no Brasil o motor Fire só deu as caras nos anos 2000 para substituir o Fiasa – e perdura até hoje no Fiat Mobi. Outra característica marcante do motor Fire é que ele foi quase que todo desenvolvido digitalmente, algo que na década de 1980 não era nada comum.
Uma das curiosidades é que o nome do motor Fire é uma sigla que tem a ver diretamente com sua característica de produção – e nada mais. Assim, Fire é uma sigla para a Fully Integrated Robotised Engine (Motor Completamente Montado por Robôs, na tradução direta para o português).
Com construção básica e eficiente, o motor Fire tinha bloco de ferro e contava com comando simples e correia dentada, sem contar que levava a melhor perante o antigo motor da Fiat 100 por contar com menos peças móveis (tinha apenas 273 componentes ao todo em sua primeira fornada). A intenção era ter menor custo de produção e maior confiabilidade, já que era um motor menos complexo.
Imaginou se o Peugeot 205 tivesse saído com motor Fire?
No exterior o propulsor Fire contou com diversas variantes, indo de motores 0,8 litro a 1,4 litro. As versões de menor litragem equiparam o Fiat Panda no mercado europeu com motor 0.8 de 34 cv, enquanto as variantes 1.4 turbo (sob designação 1.4 MultiAir Turbo) alcançaram até 190 cv de potência no Abarth 695 Biposto.
No Brasil teve diversas versões e equipou o famoso Mille Fire, Palio, Strada, Ideia, Punto e Fiat 500. As versões T-Jet do Bravo e Punto também tinham um Fire debaixo do capô, embora essa configuração mais apimentada do 1.4 turbo recebesse uma extensa modificação para lidar com a maior potência e torque.
Quem diria que depois de quase 40 anos essa parceria de Fiat e PSA Peugeot Citroën seria uma prévia do que aconteceria com as marcas décadas depois, que agora operam sob o mesmo guarda-chuva da Stellantis. A má notícia é que o motor Fire deve dar adeus no final deste ano, pois em 2025 ele não atenderá as regras mais rígidas da fase 8 do Proconve.
Repórter
Entusiasta de carros desde criança, achou no jornalismo uma forma de combinar paixão e profissão. É jornalista formado pela faculdade FIAM-FAAM e atua no setor automotivo desde 2014, com passagens por Auto+, Quatro Rodas e Motor1 Brasil.